quarta-feira, 26 de novembro de 2008

classificação de doenças, disturbios e lesões da oms

Jornal da AME
30/06/2005

Nova classificação de doenças, distúrbios e lesões da Organização Mundial de
Saúde leva em conta a funcionalidade da pessoa
Entre as classificações internacionais da Organização Mundial da Saúde
(OMS), que fornecem uma ampla gama de informações para aplicação em vários
aspectos da Saúde, as condições gerais de saúde (doenças, distúrbios,
lesões, etc) são classificadas principalmente na CID, a "Classificação
Internacional de Doenças", em sua décima revisão. Agora, este instrumento
conta com um complemento que deve fazer toda a diferença. Trata-se da CIF,
"Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde", cujo
enfoque não é apenas o da incapacidade, mas também da funcionalidade da
pessoa. Complementares, a CID10 classifica as doenças e distúrbios e os
problemas relacionados à saúde. A CIF, por sua vez, fornece dados adicionais
sobre funcionalidade e incapacidade, considerando os fatores ambientais em
que o indivíduo está inserido e busca englobar todas os aspectos da saúde
humana, com alguns componentes relevantes para a saúde relacionados ao
bem-estar. Utilizadas em conjunto, ambas fornecem uma imagem mais ampla e
mais significativa da saúde das pessoas ou da população.


Objetivos


Entre os objetivos da CIF constam: proporcionar base científica para a
compreensão e o estudo das condições relacionadas à saúde; estabelecer uma
linguagem comum para a descrição da saúde e estudos relacionados, para
melhorar a comunicação entre diferentes usuários, como profissionais da
saúde, pesquisadores, elaboradores de políticas públicas e as próprias
pessoas com deficiência, permitindo comparação de dados entre países. Pode
ser utilizada como ferramenta de pesquisa, na coleta e registro de dados,
para medir resultados, qualidade de vida ou fatores ambientais. Sua
aplicação também pode se dar como ferramenta clínica, na avaliação de
necessidades, na compatibilidade dos tratamentos com condições específicas,
reabilitação e avaliação de resultados.
Mas, com a adoção da CIF complementando a função da CID10, o que muda para
as pessoas com deficiência?
A médica Heloisa Di Nubila enfatiza que a CIF, ao complementar a informação
que pode ser codificada pela CID (estatísticas de doenças/morbidade e
morte/mortalidade), deve melhorar a comunicação e o entendimento universal
sobre o que sejam "deficiências", definidas como alterações de funções e
estruturas do corpo e "incapacidades", definidas como limitações em
atividades e restrições à participação, nos seus diferentes graus de
intensidade medidos por qualificadores.
Heloisa destaca que a CID10 e a CIF são classificações amplas que podem
descrever qualquer estado de saúde ou funcionalidade e aconselha às pessoas
com deficiência que se apropriem do conhecimento sobre potenciais usos
dessas classificações. "Por esses instrumentos, as reais condições de vida
das pessoas com deficiência poderão vir a fazer parte das estatísticas,
permitindo guiar ações e decisões, delinear políticas, definir intervenções
e destinar orçamentos, entre outras", declara a médica.


Diferença


A CIF foi aprovada pela OMS em 2001 e a tradução para o Português deu-se no
final de 2003, há pouco mais de um ano. A importante diferença entre ambas,
embora se complementem, é que enquanto a CID10 baseia-se no diagnóstico
médico de doença ou estado de saúde, a CIF estende o olhar para a
funcionalidade da pessoa, ou seja, não se restringe apenas a aspectos
negativos ou "incapacidade", considerando o contexto em que está inserida.
É a primeira vez que em uma classificação, discutida ao longo de anos,
votada e aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são apontados
fatores contextuais externos ao indivíduo, na forma de barreiras e
facilitadores, bem como o resultado da interação entre o estado de saúde do
indivíduo e estes fatores contextuais, levando a limitação em atividades e
restrição à participação. Este modelo vai além da doença, com uma visão mais
inclusiva e menos médica.


Mudanças


"Poder utilizar um instrumento que permite criar dados estatísticos sobre,
por exemplo, os fatores ambientais, como constam nos capítulos 4 (Atitudes)
e 5 (Serviços, Sistemas e Políticas), significa poder diagnosticar
importantes barreiras à inclusão social das pessoas com deficiência e
identificar pontos para possíveis intervenções", revela Heloisa. Ao longo do
tempo, segundo a médica, o uso da CIF pode mostrar mudanças na condição dos
indivíduos, apontando como, ao remover barreiras e oferecer facilitadores, é
possível transformar incapacidade em funcionalidade. " Neste contexto, a
inclusão social seria entendida como condição ideal de funcionalidade,
independente da deficiência", afirma.


Fonte : Jornal da AME - Denner E. Oliveira

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.