sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Falta de cuidado com o dente leva até a infarto

Falta de cuidado com o dente leva até a infarto

Wanessa Rodrigues

A psicóloga Digecina Mendes de Sales Freitas, 46, e o marido, o comerciante Aristoclides da Silva Freitas Neto, 40, passaram por experiências dolorosas por causa de infecções dentárias. Após sentir muita dor e de estar com o lado direito do rosto totalmente inchado, ela descobriu que, por causa de uma infiltração, um dos dentes estava infeccionado e teve de passar por procedimento de canal. No caso dele, a infecção ocorreu após a realização de canal. O comerciante passou mais de um ano sentindo dores e tomando analgésicos até que a infecção foi curada por meio da intervenção de um especialista.

O que o casal não sabia e o que muita gente ainda não sabe é que os problemas bucais não prejudicam apenas a boca, eles interferem em todo o organismo e podem até causar infarto, segundo alertam especialistas. O presidente do Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO), o cirurgião-dentista e periodontista, Anselmo Calixto, diz que pesquisas comprovam que quando as bactérias existentes na boca saem do seu habitat natural e caem em outras partes do organismo, por meio da corrente sanguínea, podem causar doenças. E uma delas é a endorcadite bacteriana, que é a inflamação da parede do coração. Calixto ressalta que existem 400 tipos de bactéria na boca.

O especialista diz que existem duas principais portas de entrada para que as bactérias caiam na circulação. Uma delas é a própria cárie, quando atinge a polpa dentária, onde estão justamente os vasos sanguíneos. “As bactérias podem atingir o organismo por meio dessa cárie. Podem atingir o pulmão, o rim e o coração”, observa. A outra porta de entrada para as bactérias, segundo presidente do CRO, é por meio da doença periodontal, que também é bacteriana e atinge a gengiva e os ossos que sustentam os dentes. “Pesquisas demonstram que uma quantidade considerável de casos de infarto do miocárdio estão relacionados à doença periodontal”, diz.

O presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, Emil Razuk, também faz o mesmo alerta. Segundo ele, uma cárie não tratada pode gerar complicações graves, pois a necrose do nervo vira um campo de cultura. “E como há muita comida por ali, as bactérias nadam de braçada”, afirma. Engolidas, elas entram na corrente sanguínea, causam febre reumatóide e podem resultar em inflamações em diversos órgãos, como o coração e os olhos, e também nos nervos e nas articulações. Razuk diz que, na infância, 40% dos casos de febre reumatóide têm origem em infecções buco-dentárias. Em alguns deles, os sintomas da inflamação podem demorar anos para se manifestar.

ACESSO
O presidente do CRO-GO diz que tanto a cárie como a doença periodontal são as enfermidades que mais afetam o ser humano. A causa disso, segundo Calixto, é a falta de higiene bucal e ainda a falta de acesso a serviços odontológicos na rede pública. “Muitas vezes a pessoa procura o serviço, mas não consegue ser atendida. E o que muitos não sabem é que a Constituição Federal garante ao cidadão o acesso à saúde, o que inclui esse tipo de atendimento”, diz.

Digecina e Aristoclides conseguiram resolver os problemas de infecção bucal justamente por terem acesso a serviços odontológicos, mas boa parte da população ainda não tem. Pelo menos 30 milhões de brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde (MS) colhidos por meio do Saúde Bucal Brasil , não têm acesso à escova de dentes e 25 milhões da população nunca sentou em uma cadeira de dentista. Além do acesso ao serviço, Calixto observa que é necessário ter cuidados específicos com a higiene e ter consciência de que a saúde bucal não está relacionada apenas à boca, mas a todo o organismo.

“É necessário fazer uma boa escovação, passar fio dental e consultar um especialista com freqüência”, recomenda Calixto. E é isso que Digecina e Aristoclides passaram a fazer com mais cuidado após terem sofrido com infecções. A psicóloga diz que antes mesmo de passar por este problema já era acostumada a freqüentar o dentista, pelo menos uma vez ao ano, e cuidar da higiene da boca. “Mas, depois de sentir tanta dor e ver meu rosto inchado, passei a frequentar o dentista de seis em seis meses”, diz.

Fonte: jornal hoje em dia

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Quem sou eu

Joinville, Santa Catarina, Brazil
Por Ricardo Toscano, Cirurgião-Dentista graduado pela Unifal, especialista em odontologia do trabalho pela UFSC, mestre em odontologia area de concentraçao em implantodontia cirurgica/protetica pelo Instituto latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontologico,reabilitador oral clinico. Responsável técnico pelo Instituto Odontologico Toscano. Notícias,ferramentas e artigos na área de Reabilitação Oral com ênfase na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade.